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Nem vítima, nem super-herói: onde está o seu lugar na dor?
💡 Mais Leve Do Que Nunca - Edição #026

Mas Ícaro, embriagado pelo próprio poder, foi subindo…
✨ Super dica: Enquanto você lê esta edição, que tal ouvir "Filhos do Arco-Íris”, canção de Preta Gil e convidados, na playlist do Mais Leve Do Que Nunca no Spotify?
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Viver dói.
Viver com HIV dói.
E não dói pouco.
Dói em todo mundo, inclusive em mim.
Para dar conta de tanta dor, temos basicamente duas escolhas. Nenhuma melhor que a outra. Ambas trazem bônus e, claro, prejuízos.
Um caminho é assumir o lugar da vítima.
No “cantinho da vergonha”, a gente faz abrigo. Remói sentimentos, injustiças, revisita página por página as enciclopédias mofadas do passado, em busca de uma explicação que dê sentido à fatalidade que nos atravessou.
Ficamos paralisados ali.
Mesmo virando e revirando cada página, sabemos que não vamos encontrar explicação alguma.
O outro caminho é o extremo oposto.
A dor se torna tão insuportável que a única saída parece ser voar e fugir para o mais alto que conseguimos.
Tão alto quanto o ego e a vaidade permitem alcançar.
Sobrevoamos sem pouso, em disputas silenciosas com outros super-heróis feridos. Todos camuflam suas feridas sob capas tão belíssimas e poderosas quanto pesadas e sufocantes.
No mundo moderno, o delírio é de grandeza.
O eu adoedico e inflado reina absoluto. Vivemos a era da neurose narcisista, não à toa, a sociedade é do espetáculo.
O resultado? Prejuízo. Estamos todos feridos. E exaustos.
No fim, sobra uma disputa velada — às vezes inconsciente — por superioridade e protagonismo: Quem sofre mais? Quem salva mais?
Sem perceber que ambos os extremos machucam.
A superioridade custou a vida de Ícaro.
Conta a lenda que Dédalo, um grande arquiteto ateniense, matou o próprio sobrinho, Perdix, tomado pela inveja. Como punição, ele e o filho Ícaro foram exilados em Creta, onde Dédalo construiu o famoso labirinto do Minotauro.
Traindo a confiança do rei Minos, ao ajudar Ariadne com os segredos do labirinto, Dédalo acabou aprisionado com Ícaro dentro da própria criação.
Foi então que construiu asas feitas de penas e cera para escapar.
Antes do voo, Dédalo advertiu o filho:
Não voe tão baixo a ponto de o mar encharcar suas asas.
Nem tão alto a ponto de o sol derreter a cera.
Mas Ícaro, deslumbrado com a liberdade e embriagado pelo próprio poder, foi subindo…
Subindo…
Até se aproximar demais do sol.
O calor derreteu a cera, as asas se desfizeram, e Ícaro despencou do céu — em queda livre até o mar Egeu.
O final, você já conhece…
Mas o alerta continua ecoando e a dor continua doendo.
Seja voando bem raso ou o mais alto que você conseguir alcançar.
Talvez o caminho do meio seja a nossa melhor escolha.
Nem mais, nem menos. Apenas o suficiente.
Fugir da dor não resolve.
Viver nela também não.
Talvez seja hora de encarar o meio do caminho — o mais humano, o mais possível.
Talvez o chamado seja este:
Se você vive com HIV, em vez de fugir da dor, que tal olhar para ela e cuidá-la?
Se quiser conversar mais sobre isso ou agendar uma sessão comigo sem nenhum compromisso, me Chame aqui.
Abraços,
Filipe
#PodeSerLeve #MaisLeveDoQueNunca

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(fonte: adorocinema.com)
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“Uma análise é árdua e faz sofrer. Mas, quando se está desmoronando sob o peso das palavras recalcadas, das condutas obrigatórias, das aparências a serem salvas, quando a imagem que se tem de si mesmo torna-se insuportável, o remédio é esse. Pelo menos, eu o experimentei e guardo por Jacques Lacan uma gratidão infinita (…). Não mais sentir vergonha de si mesmo é a realização da liberdade (…). Isso é o que uma psicanálise bem conduzida ensina aos que lhe pedem socorro.
GePerec, Penser/classer, Paris, Hachette, 1995. Françoise Giround, Le Nouvel Observateur, N° 1610, 14-20 de setembro de 1995.
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