Crianças com HIV: Uma Infância de Coragem

💡 Mais Leve Do Que Nunca - Edição #006

Adriana Galvão, presidente do PCA. Tá ai, uma pessoa que todo mundo deveria conhecer,

“A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.”

- Fernando Pessoa

Crianças com HIV: Uma Infância de Coragem

Receber o diagnóstico de HIV não é uma tarefa fácil. Se você vive com o vírus, já passou por esse momento e sabe do que estou falando.

Agora, se foi – ou ainda está sendo – difícil para você, que é adulto, imagine como é para uma criança receber a notícia do diagnóstico?

Tomado pela correria da sua rotina e pelas suas próprias angústias, talvez você nunca tenha parado para imaginar como pode ser difícil para uma criança receber esse diagnóstico e enfrentar os desafios impostos pela infecção.

Para toda criança, os “desafios” da vida, sejam quais forem, têm uma dimensão muito maior.

Enfrentar a notícia de um diagnóstico não é diferente, como defendem as psicólogas e escritoras Cláudia Carvalho e Cláudia Zacarias no seu livro Prisioneiros Da Infância.

“O ser, na infância, olha para a realidade que o cerca e tudo lhe parece grande e marcadamente superior, em contraste com seu corpo pequeno e frágil. Sente-se um 'anão em terra de gigantes', tentando ajustar-se ao meio para vencer os desafios de um mundo 'enorme' e desconhecido.

Tudo lhe parece demasiadamente difícil e desafiador. A partir dessa lente superlativa, ele percebe a realidade, e aquilo que o incomoda e provoca dor impressiona de maneira insuportável.

Assim, um pequeno ferimento, uma picada de agulha, um apelido e tantas outras situações corriqueiras são sentidas como se fossem o fim do mundo." 

Prisioneiros Da Infância, pag 62.

Crianças vivendo com HIV existem e fazem parte da nossa realidade. Fala-se muito pouco sobre elas, e por isso o Mais Leve Do Que Nunca dedica uma edição especial para acender uma luz sobre esse assunto e trazer essa conversa importante, sensível e nutrida de muita informação atualizada.

A falta de informação e a discriminação não só abrem feridas, mas também matam crianças inocentes todos os dias, no Brasil e no mundo.

A verdade é que precisamos, juntos, cuidar e proteger nossas crianças, e estar bem informados já é um ótimo começo.

Crianças expostas ao HIV

Os dados mais recentes revelam que, apesar dos avanços no tratamento e na prevenção, milhares de crianças ainda são expostas ao risco de infecção pelo HIV. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou cerca de 1,5 milhão de crianças menores de 15 anos vivendo com HIV.

No Brasil, o número de crianças vivendo com HIV é monitorado anualmente por meio de relatórios epidemiológicos do Ministério da Saúde.

Boletim Epidemiológicos do Ministério da Saúde - Ano 2023.

“De 2015 até junho de 2023, foram notificados no Sinan 67.850 casos de crianças expostas ao HIV no Brasil, sendo 23.741 (35,0%) na região Sudeste, 17.092 (25,2%) na região Nordeste, 15.395 (22,7%) na região Sul, 7.777 (11,5%) na região Norte e 3.831 (5,6%) na região Centro-Oeste.

Em 2022, foram notificados 7.951 casos de crianças expostas, dos quais 2.440 (30,7%) no Sudeste, 2.341 (29,4%) no Sul, 1.755 (22,1%) no Nordeste, 893 (11,2%) na região Norte e 521 (6,6%) no Centro-Oeste. Nesse mesmo ano, as UF que mais notificaram crianças expostas foram Rio Grande do Sul (19,8%), São Paulo (14,5%) e Rio de Janeiro (11,0%), conforme a Tabela 12.

No período analisado, 49,6% eram crianças do sexo masculino, 97,4% tinham menos de 1 ano de vida, sendo 91,6% de crianças com menos de 7 dias. 

A notificação da criança exposta deve ser realizada logo após o nascimento, para que a vigilância epidemiológica tenha conhecimento do caso e possa realizar o monitoramento.

Boletim Epidemiológicos do Ministério da Saúde - Ano 2023.

Como se dá a transmissão:
O que é transmissão vertical?

É até difícil encontrar palavras para escrever sobre o fato de que muitas crianças são expostas ao vírus como resultado de abusos sexuais.

Felizmente, esses casos não representam um número expressivo. A maioria das infecções ocorre através da transmissão da mãe — ou pessoa gestante — para o filho.

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