Um ano depois do primeiro “publicar”

✨ Super dica: Enquanto você lê esta edição, que tal ouvir "Tá Escrito”, canção do Grupo Revelação (2006), na playlist do Mais Leve Do Que Nunca no Spotify?

(🔗Ouça agora no Spotify!)

Eu vim te contar uma história…

Era o dia da cirurgia da minha mãe.
Uma operação complexa no joelho, cheia de riscos e incertezas.

Enquanto a cirurgia acontecia no andar de baixo — no centro cirúrgico — eu fiquei no quarto do hospital, acompanhado da minha ansiedade. Qual seria o resultado da cirurgia? Como seriam os próximos dias até a recuperação? E todos os cuidados no pós-operatório?

No meio desse turbilhão de emoções, eu estava ali, pronto e equipado com meu notebook, para fazer algo que parecia simples — mas que exigiu de mim muita coragem: apertei o botão “publicar”.

Naquele instante, enquanto a cirurgia acontecia lá embaixo, nasceu a “Mais Leve Do Que Nunca” — minha comunidade de leitores.

O básico que funciona sempre.

Muita coisa teve que acontecer antes do botão “publicar” ser, de fato, apertado.

Inclusive, decidir ter uma newsletter foi um processo demorado: escolher a plataforma, pensar no nome, fazer todas as configurações… nada disso aconteceu de um dia pro outro.

Mas naquele dia, tudo estava programando para inaugurar a minha news. E o e-mail finalmente chegou até você.

Hoje, chegamos à edição número 30 — um número simbólico, mas cheio de significado.

A newsletter nasceu em 17 de setembro de 2024, movida por um desejo muito claro: criar um espaço para quem anda desinteressado dos vídeos curtos e superficiais das redes sociais, e sente falta de uma leitura com mais profundidade.

Nada contra os vídeos e as trends — eu mesmo me divirto com muitos deles.

Mas eu precisava de um espaço diferente. Um lugar para explorar minha escrita, dividir meus estudos, minhas visões de mundo e, claro… todas as minhas inquietações.

Enquanto todo mundo corria para o vídeo, eu decidi apostar no velho e bom e-mail, esse sobrevivente heroico da era digital.

Subversivo desde o seu nascimento. O e-mail não viraliza, não precisa de filtro e não se rende às normas do algoritmo: ele apenas chega!

Desde que o engenheiro americano Ray Tomlinson enviou o primeiro e-mail da história, em 1971, esse formato segue firme — imune às modas e ao tempo. Diferente de comunidades que não resistiram ao passar dos anos, como Orkut, MIRC, ICQ e até o Facebook.

Tomlinson escolheu o símbolo “@” para separar o nome do usuário da máquina — um gesto técnico que virou um ícone cultural.

Mais de cinquenta anos depois, o e-mail continua aqui: livre, simples, direto e íntimo.

O básico que funciona.

E tem funcionado muito bem! A newsletter cresceu e hoje reúne leitores engajados, leais — e afetivamente conectados.

Um e-mail que virou experiência de afeto, pensamento e partilha.

Um e-mail que virou uma comunidade: Mais Leve Do Que Nunca.

Entre o risco e o milagre: continuar vivo.

A newsletter fez 1 ano.
Eu fiz 45.

Na última terça-feira, dia 21 de outubro, cheguei aos 45 anos.

Só quem entende a finitude da vida sabe o valor inestimável que ela tem.
E quem já passou pela experiência de quase perdê-la sabe, de verdade, o quanto ela é preciosa.

Eu venci as complicações que o diagnóstico de HIV me trouxe. Tive uma tuberculose na região do intestino que resultou em uma internação.

Uma semana depois de receber alta e voltar para casa, precisei retornar ao hospital as pressas - quase sem conseguir mais respirar - e fui direto para a UTI, onde fiz morada por longos 21 dias, lutando contra uma pneumonia causada por fungos.

Mesmo desacreditado pela equipe médica, eu sobrevivi.