HIV e autoaceitação: a batalha que a medicina não resolve

💡 Mais Leve Do Que Nunca - Edição #017

“Mais um dia de janeiro no Rio de Janeiro”

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Eu me infectei com o vírus do HIV porque tive uma relação sexual consensual desprotegida.

Não sei dizer quem me transmitiu o vírus.

Tenho, sim, minhas suspeitas, mas a verdade é que saber quem me infectou nada mudaria ou acrescentaria ao meu processo de descoberta, autoaceitação e superação do meu diagnóstico.

Seria uma jornada minha comigo mesmo.

Como diz o ditado popular, "caçar bruxas" não serviria para nada, a não ser quando a intenção é encontrar um vilão para culpar.

A responsabilidade foi minha quando escolhi, inebriado pelo calor das emoções do momento, não usar preservativo.

🔥 Atenção aqui: em relações sexuais consensuais entre adultos, cada um assume a responsabilidade por suas escolhas. Não se pode terceirizar a responsabilidade de fazer sexo sem proteção.

Toda essa introdução foi para dizer que hoje, 13 de fevereiro, é o Dia Internacional do Preservativo.

13/02 - Dia Internacional do Preservativo

A data foi criada em 2008 nos Estados Unidos pela AIDS Healthcare Foundation (AHF) com o objetivo de incentivar o uso correto e consistente do preservativo nas relações sexuais.

O preservativo é o método mais eficaz para prevenir o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

A data reforça a importância do sexo seguro e incentiva o uso de preservativos como uma forma de autocuidado e cuidado com o parceiro.

O óbvio precisa ser dito: a verdade é que o preservativo só funciona se as pessoas o usarem.

Mesmo sabendo de sua importância e dos riscos que corremos ao não usá-lo, por alguma razão — que escapa à lógica — deixamos de utilizá-lo.

A maior parte das pessoas que atendo no consultório chega carregando o peso da culpa por ter se infectado, mesmo sabendo racionalmente sobre os métodos de prevenção e contágio.

Para muitos, não foi necessário mais de uma vez.

Uma única relação sexual sem preservativo foi suficiente para a transmissão acontecer, contrariando a ideia moralista de que HIV é coisa de gente "promíscua".

O fato é que não há mais o que fazer além de lidar com essa nova realidade.

Toma-se o remédio — meio que a contragosto — todos os dias.

O comprimido desce com o sabor amargo da culpa.

E toda noite, reza-se para os deuses e orixás, na esperança de que os cientistas anunciem, enfim, a tão esperada fórmula da cura para o HIV.

HIV: as fantásticas teorias da conspiração

O desejo pela cura não é novo.

Desde os primeiros casos registrados de HIV, nos anos 1980, especulações, promessas milagrosas e teorias da conspiração giram em torno desse tema.

Já ouvimos falar de curas secretas escondidas por indústrias farmacêuticas, terapias experimentais revolucionárias e casos isolados de remissão do vírus.

Fala-se por aí que a indústria farmacêutica lucra com o vírus e, por isso, esconde a fórmula da cura.

São teorias fáceis de acreditar quando – de forma superficial – comparamos com as vacinas desenvolvidas em tempo recorde para a imunização do mundo contra o coronavírus (SARS-CoV-2).

Mas quando o assunto é HIV, o buraco é sempre mais embaixo.

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